domingo, 8 de maio de 2011

Epidemia




O amor contaminou minha razão, meus pensamentos e meus sonhos. O amor afetou todos os membros no meu corpo. O amor se alastrou pela minha pele, trouxe arrepio, tremedeira e suor frio. O amor se espalhou pelo meu sangue, minhas veias e foi direto parar no meu coração. O amor atacou meus pulmões. O amor se instalou como borboletas em meu estômago.
O amor contaminou meu sistema imunológico. O amor desarmou minhas defesas, me deixou vulnerável. O amor tornou inútil todos os antibióticos, todas as receitas, todos os remédios. O amor passou despercebido pelo raio x, pelo ultra-som e pela ressonância. O amor contaminou meu organismo e meu diagnóstico agora estão cheios de amor, amor e mais amor.
O amor entrou nas minhas células, implantou seu DNA, assumiu o controle, se fortaleceu. O amor tirou meu sono, minha fome, minha sede. O amor me trouxe dor de cabeça, enjôo, dificuldades para respirar. O amor me deu arritmia. O amor trouxe fraqueza aos meus ossos e músculos. Levou a minha voz e me deixou sem palavras. O amor assumiu o controle do meu sistema nervoso, me causou delírios, amnésia. Esqueci quem eu sou, onde estou e para onde vou.
Não satisfeito, o amor, se instalou psicologicamente e contaminou meus DVD’s, meus livros, meus CD’s,  minhas idas ao cinema, ao teatro, meus rabiscos, meus desenhos, meus versos, minhas fotografias e não satisfeito desequilibrou meus passos de dança e me tirou do compasso.
Minhas palavras ficaram sem freio, minhas conversas, meus gestos e meu sorriso, nada escapou. Espalhou pelo meu rosto, mudou o brilho dos meus olhos e até meus cabelos, ele contaminou.
Enfim, ele contaminou minhas memórias, minhas certezas, minha identidade. O amor veio para ficar, não deixou possibilidade de cura. (AD)



Nenhum comentário:

Postar um comentário