sábado, 16 de abril de 2011

O doce doce do arroz doce




É muito estranho você não estar aqui enquanto o garçom me serve a sua sobremesa favorita, já que comemos pela primeira vez juntos em um janeiro ensolarado. Logo após o almoço, você me sentou no colo, serviu a sobremesa que comemos juntos, na mesma tijela uma colherada pra cada um, e no final, raspar a tigela era nossa brincadeira favorita, isso sempre deixava um sabor de quero mais. Na verdade, eu sempre comia um pouquinho a mais que você, mais tarde, lá na cozinha, a vovó me servia escondido, já que sua doença ingrata não lhe permitia nem mais um teco deste manjar. E o arroz doce lhe trouxe de volta, trouxe sua lembrança. Porque alguns sabores, cheiros, músicas, agarram-se as imagens daqueles que se foram antes do tempo, cedo demais e no fim das contas fica uma insígnia de saudade. Infelizmente o leito do rio toma rumos inesperados e no fim das contas ficamos na margem, sem ter o que fazer, sem ao menos um bote amigo pra se jogar na corredeira. O rio corre, a saudade fica, junto às lembranças doces, só não são mais doces que nosso arroz doce. (AD)


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